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Scot Consultoria

Carne bovina pode virar "artigo de luxo"


Terça-feira, 9 de novembro de 2010 - 10h06

A carne bovina, que nos últimos 30 dias teve os preços majorados em cerca de 30% no Estado, poderá se tornar "artigo de luxo" nas festas de final de ano. A avaliação é de supermercadistas e pecuaristas, dois dos principais elos da cadeia da carne em Mato Grosso do Sul. Os dois segmentos calculam que, a continuar a escassez de gado nas linhas de abate, por conta da estiagem que insiste em se manter em algumas regiões produtoras de animais do estado, o preço da carne dará um salto ainda maior nos próximos dois meses, o que poderá contribuir para que o produto se torne um item de difícil acesso para muitas famílias. "A permanência do tempo seco nos dá uma perspectiva de que o preço da carne poderá sofrer aumentos ainda mais consideráveis neste final de ano, atingindo níveis imprevisíveis e altamente prejudiciais ao consumidor final", analisa o pecuarista Cláudio Totó Garcia de Souza, dono de um dos maiores rebanhos bovinos da região de Três Lagoas, no leste do Estado. O fazendeiro calcula que a permanecer a pouca umidade nos pastos, em decorrência da escassez das chuvas, a carne deverá experimentar um reajuste ainda mais considerável nos próximos 60 dias, fator que deverá pesar de forma substancial no bolso do consumidor neste final de ano. "A permanecer a estiagem, sem dúvida o preço chegará ainda mais salgado na mesa do consumidor", avalia o produtor. Com a mesma expectativa trabalha Jean Carlos Ferreira, gerente da unidade de Três Lagoas do frigorífico Mataboi, um dos principais da região. Ele diz que a chuvas dos últimos dias, em Mato Grosso do Sul, não foram suficientes para contornar os efeitos devastadores causados pelos cinco meses de estiagem que atingiram o Estado recentemente e que trouxeram reflexos altamente nocivos ao campo e ao bolso do consumidor. Ferreira lembra que por conta da seca, a unidade frigorífica que gerencia paralisou nos últimos 30 dias os abates, que já chegaram a 500 cabeças diariamente, restringindo as atividades da empresa a apenas desossa de carcaças vindas de outras unidades abatedouras. Outra providência foi a demissão de 150 dos 560 funcionários da empresa. Outros 250 funcionários tiraram férias coletivas. "A escassez de gado para o abate nos obrigou a tomar essas medidas extremas", conta. Ele diz que não existe previsão sobre a retomada dos abates no frigorífico. "Isso só vai ocorrer assim que as chuvas retomarem seu ciclo normal", prevê. PREJUÍZO A estiagem tem provocado grandes estragos principalmente no bolso dos pecuaristas. Muitos deles têm se deparado com a perda de rebanhos inteiros por conta da falta de pasto. Na fazenda de Cláudio Totó Garcia de Souza, por exemplo, as providências tomadas para evitar a perda dos animais coincidem com a alta do custo da manutenção dos plantéis. O pecuarista explica que para evitar a morte dos animais pela ausência de pasto, tem sido obrigado a percorrer distâncias de até 350 quilômetros para comprar ração para complementar a alimentação diária do gado. "Isso faz elevar o custo final da arroba", conta. Em outros casos, pecuaristas são obrigados a prolongar a permanência dos animais no pouco pasto verde que ainda resta, para aguardar o peso ideal para a revenda aos frigoríficos. É o caso da Fazenda Lobo, localizada em Água Clara. Os proprietários contam que 1.000 cabeças que já deveriam ser entregues para o abate, somente seguirão para o frigorífico em dezembro, quando finalmente atingirem o peso ideal. "Antes disso seria apostar no prejuízo", conta um dos donos da fazenda. O secretário do Sindicato Rural de Três Lagoas, Marcos Moura, disse que se não chover, a situação pode se agravar ainda mais. "Não existe uma solução para o problema a curto prazo", frisou, em entrevista recente ao site PerfilNews. Moura criticou o artigo do presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentos e Afins de Campo Grande e região de Três Lagoas, Rinaldo de Souza Salomão em que acusa alguns fazendeiros de esconderem os rebanhos para valorizar a arroba do boi, ao mesmo tempo em que se diz favorável à importação de gado paraguaio pelo governo federal. O secretário do sindicato informou também que por causa do avanço de florestas de eucaliptos, a pecuária vem perdendo espaço consideravelmente para a sericultura na região de Três Lagoas. "O município possuía um rebanho bovino acima de 900 mil cabeças até pouco tempo e atualmente esse número caiu para aproximadamente 700 mil cabeças. Esse também é um dos fatores para a falta de matéria prima nos frigoríficos", disse. Fonte: O Progresso. Por Willams Araújo. 8 de novembro de 2010.
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